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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Amor, Sexo ou Dinheiro: O que é mais Importante?


Como saber qual o melhor caminho a seguir para atingirmos o estado de plena felicidade? Temos sido estimulados a pensar que, hoje em dia, podemos alcançar essa permanente harmonia graças aos enormes avanços da tecnologia – e a consequente revolução de costumes – que nos permite viver com muito mais conforto e liberdade que nossos ancestrais. Aprendemos a acreditar que o “paraíso” é aqui mesmo!

Nossas observações e sentimentos estão em franca oposição a expressões do tipo: “dinheiro não traz felicidade”; ou “sexo não é tão essencial para uma boa vida conjugal”; ou ainda “é perfeitamente possível ser feliz sozinho”. Notamos o olhar e a expressão de alegria dos casais apaixonados e queremos vivenciar o mesmo que eles. Somos informados acerca do “glamour” que cerca a vida daqueles que são ricos e famosos e não podemos deixar de pensar que estão experimentando momentos de grande felicidade. Quanto ao sexo então, morremos de inveja dos mais livres e desinibidos, os que são sedutores e tem sucesso nas conquistas; imaginamos que seus relacionamentos íntimos são de uma intensidade que jamais tivemos a oportunidade de alcançar.

Por onde começar? Devemos buscar primeiro o amor ou o dinheiro? Qual deles é mais importante para nossa felicidade? E o sexo, como participa dessa equação? Penso que uma boa resposta é a seguinte: o mais importante é aquilo que está faltando! Se não temos nada, tudo é igualmente importante. Se temos um bom parceiro amoroso e pouco dinheiro, esse será o ingrediente mais valorizado. Nosso psiquismo é curioso: se ocupa principalmente daquilo que não está indo bem; parece que foi forjado com o objetivo de resolver problemas. Se estivermos doentes, só nos interessaremos em recuperar a saúde e só nisso pensaremos. O mesmo vale para os apuros financeiros ou para a sensação de solidão. Ao recobrarmos a saúde – assim como a estabilidade material – ou ao reatarmos com nosso parceiro, imediatamente nos desinteressaremos desses assuntos.

Pessoas que têm uma vida sexual pobre e repetitiva anseiam, mais do que tudo, com um cotidiano erotizado e voluptuoso. Ao contrário do que acontece com o amor, parece que o dinheiro nunca é suficiente; por causa da competição material que vivemos, quase todos temos a sensação de que somos perdedores em relação a alguns conhecidos. Quem tem riqueza mas não tem amor acha que o dinheiro não serve para grande coisa sem que se tenha um bom parceiro. Agora, se o dinheiro faltar, ele volta imediatamente a ser tremendamente importante.

O fato é que nossos anseios não são permutáveis, ou seja, a falta de amor ou sexo não se resolve com “doses” altas de dinheiro ou prestígio, e vice versa. É como no organismo, onde a deficiência de vitamina B não se atenua com doses altas de vitamina C. Necessitamos de um pouco de cada ingrediente. Um alerta final: ao sonharmos com o que nos falta imaginamos alegrias que, se acontecerem, durarão muito pouco tempo. Nossa felicidade só é plena durante um período, o da transição para a situação melhor. Depois nos habituamos e tudo é vivenciado como trivial. A boa notícia é que o mesmo vale para os acontecimentos negativos, quando a dor da perda também só é máxima durante a transição.

Flávio Gikovate
Meus amigos(as) desejo a todos uma ótima Noite.
Muita Paz para todos.
Força Sempre
Claudio Pacheco
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terça-feira, 29 de julho de 2014

Como Você Escolhe Seu Parceiro?



Tenho acompanhado a vida de muitos pacientes e posso afirmar que a causa mais frequente de separação está relacionada à escolha do parceiro. Existem várias exceções, mas grande parte das pessoas se precipita, tomando uma decisão tão importante depois de poucas semanas de convívio.

Há poucas décadas, uma mulher que chegasse aos 25 anos e ainda não estivesse seriamente comprometida começava a se sentir “encalhada”. Muitas se casaram de forma estabanada com o primeiro que lhes pareceu razoável. Umas tantas resistiam e, mesmo temendo a solidão, continuavam a manter um elevado padrão de exigência sobre as qualidades que esperavam dos parceiros.

Hoje vemos apenas uma forma atenuada do que acabei de descrever. Porém, ainda é verdade que as mulheres se assustam um pouco quando demoram a encontrar um namorado fixo, e que suas famílias se afligem com isso. Todos começam a se preocupar com a idade que ela terá ao engravidar, com o fato de “todas as amigas já estarem casadas”, com a hipótese de que algo esteja errado com ela. E esse "algo errado" para a família pode ser, por exemplo, sua mania de exigir demais, de esperar pelo príncipe encantado, que claro, não existe.

Essa idéia contém o germe do desespero do passado. Não posso deixar de ver nela uma espécie de insinuação para que a moça reduza suas expectativas, como se estivesse em liquidação e fosse uma mercadoria que tem de sair por qualquer preço.

Nunca deveríamos nos ligar a alguém motivados apenas pelo medo. Aliás, em vez de esperar menos, o ideal seria aprender a viver bem, mesmo sozinhos. As pessoas idealizam um modelo de parceiro e, pela minha experiência, posso afirmar que, em geral, esse modelo não é nada absurdo. São poucos os que efetivamente esperam demais do outro.

Mulheres que passam um tempo solteiras podem dar seqüência a seus projetos profissionais e ter uma vida mais rica e variada do que as que se casam precocemente. Se não há tanta pressa e nem nos sentimos tão sensíveis às pressões do meio, talvez possamos obter uma idéia mais clara de quem somos, do que efetivamente gostamos e do que pretendemos em todos os sentidos da vida.

Pessoas mais competentes para ficar consigo mesmas tendem a eleger melhor e mais tardiamente seus pares. Isso, na prática, só tem trazido benefícios, gerando um crescente número de casamentos bem-sucedidos. As escolhas mais tardias costumam se dar por afinidade, enquanto as precoces nos levam, por força da usual falta de auto-estima juvenil, ao encantamento pelas pessoas opostas a nós. As afinidades são o pré-requisito para as boas relações. Existe uma fase intermediária, na qual homens e mulheres já não se interessam por seus opostos e ainda não estão prontos para seus afins. Nesse período, não acham graça em ninguém e são, de fato, muito exigentes. Trata-se de uma transição evolutiva. É só esperar que os bons parceiros aparecerão.

Flávio Gikovate
 Meus amigos(as) desejo a todos um ótimo Dia.
Muita Paz para todos.
Força Sempre
Claudio Pacheco

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Querer é mesmo poder?


- As pessoas mais persistentes acabam indo mais longe do que aquelas que ora querem uma coisa ora querem outra. Mas não basta ter um projeto em nossa mente para que ele se concretize.

A afirmação querer é poder pressupõe a concepção de que a vontade da nossa razão é soberana. Ela admite que basta que nossa mente construa um projeto e passe a perseguir esta meta para que todo o resto do organismo a siga. Assim, as pessoas não alcançariam um determinado resultado, não porque o querer não seja suficiente, mas porque o querer delas não seria bastante forte. Não desprezo, em hipótese alguma, a eficiência da razão e a importância de se querer muito uma coisa ou uma situação, para que se tenha mais chance de chegar lá. Não desprezo também os chamados poderes paranormais da mente, de tal forma que é possível que o querer muito abra portas para que um determinado evento aconteça.

Porém, acho fundamental fazermos algumas ressalvas a respeito desse assunto. A primeira delas é que não se deve incluir no querer coisas ou atitudes que dependam da vontade de outras pessoas. Por exemplo, posso querer muito ganhar num jogo de bingo domingo no clube. É possível até que a força da minha razão aumente as minhas chances de isto acontecer. Mas não acho que se possa querer muito que uma determinada moça – ou rapaz – passe a se interessar pela gente. Tenho todo o direito de tentar me aproximar das pessoas que despertam em mim a admiração e o interesse. Mas tenho o dever de respeitá-las, de modo que não me resta alternativa senão me afastar quando não encontro reações favoráveis à minha aproximação. Quando se trata dos direitos das outras pessoas, querer não é poder. Não posso dizer: Tudo o que eu quero eu consigo quando este tudo é um ser humano.

Na realidade, as pessoas sempre tomam o cuidado de querer coisas até certo ponto possíveis. Caso contrário seria óbvio que querer não é poder. Querer ter um helicóptero está longe de adquiri-lo! Agora, as coisas materiais – e outras conquistas que não sejam as de seres humanos – nos chegam mais facilmente quando a queremos com fervor e persistência. Ou seja, as pessoas mais determinadas e que mudam menos de opinião, acabam indo mais longe que aquelas que ora querem uma coisa, ora querem outra. Esta última atitude, que é a mais comum, acaba por provocar uma dispersão de energia psíquica, de forma que é bem menos provável que se atinja resultados muito positivos. É o que se quer transmitir quando se fala da mula que ficou indecisa diante de dois montes de feno. Não sabendo qual dos dois comer, acabou morrendo de fome!

A ressalva mais importante que eu queria fazer é a de que não são raras as situações nas quais se quer muito um determinado resultado, mas não se tem condições emocionais para sustentá-lo. Eu posso querer ser promovido rapidamente para a direção da empresa onde trabalho. Mas é preciso ver se tenho competência emocional para arcar com este grau de responsabilidade e de obrigações. É preciso ver se eu posso assumir o cargo que tanto quero. Se não estiver pronto para ele, isso poderá me pesar tanto que não será incomum que eu venha a ter, por exemplo, minha saúde arruinada. O indivíduo que está numa posição que quer, mas não pode sofre de insônia, dores de estômago, dores de cabeça fortíssimas, palpitações cardíacas, falta de ar e, em situações extremas, poderá até mesmo chegar a ter um infarto do miocárdio ou um derrame. Estar maduro para assumir uma determinada função significa ter a competência técnica necessária e também estar psicologicamente apto às responsabilidades e tensões próprias daquele cargo.

Existe a possibilidade, portanto, de acontecer que a gente deseje muito uma coisa ou situação e ainda não possa ter ou estar nela. Nesses casos, querer definitivamente não é poder. Será necessário um grande trabalho interior para que se processe o desenvolvimento íntimo que criará as condições para o exercício daquilo que se quer.
A situação mais importante em que isso costuma acontecer é no amor. Muitas pessoas encontram um par com o qual se identificam muito intensamente. Nesses casos, se desenvolve um encantamento amoroso de forte intensidade, coisa que é do enorme agrado da razão. As pessoas assim, apaixonadas, querem muito ficar o tempo todo umas com as outras. Mas começam a ter várias reações emocionais que denunciam que ainda não são competentes para a realização do seu desejo amoroso. Começam a ficar com muito medo de que alguma coisa ruim irá acontecer. Começam a ter ciúmes desproporcionais aos riscos. Começam a procurar pêlo em casca de ovo, ou seja, pretextos menores para justificar a falta de coragem para ficar juntas. Perdem o sono e o apetite, ficam muito nervosas, não pensam em outra coisa, ficam completamente obcecadas pelo assunto e não conseguem se decidir por coisa alguma.
Esses dados indicam que ainda não estão emocionalmente preparadas para uma relação amorosa de grande intensidade. Terão que andar mais devagar e ir se acostumando aos poucos com a nova situação, de modo a um dia estarem em condições de poder agir conforme seu querer.

Flávio Gikovate
 Meus amigos(as) desejo a todos uma ótima Tarde.
Muita Paz para todos.
Força Sempre
Claudio Pacheco

sexta-feira, 21 de março de 2014

Amor, Sexo ou Dinheiro: O que é mais Importante?


Como saber qual o melhor caminho a seguir para atingirmos o estado de plena felicidade? Temos sido estimulados a pensar que, hoje em dia, podemos alcançar essa permanente harmonia graças aos enormes avanços da tecnologia – e a consequente revolução de costumes – que nos permite viver com muito mais conforto e liberdade que nossos ancestrais. Aprendemos a acreditar que o “paraíso” é aqui mesmo!

Nossas observações e sentimentos estão em franca oposição a expressões do tipo: “dinheiro não traz felicidade”; ou “sexo não é tão essencial para uma boa vida conjugal”; ou ainda “é perfeitamente possível ser feliz sozinho”. Notamos o olhar e a expressão de alegria dos casais apaixonados e queremos vivenciar o mesmo que eles. Somos informados acerca do “glamour” que cerca a vida daqueles que são ricos e famosos e não podemos deixar de pensar que estão experimentando momentos de grande felicidade. Quanto ao sexo então, morremos de inveja dos mais livres e desinibidos, os que são sedutores e tem sucesso nas conquistas; imaginamos que seus relacionamentos íntimos são de uma intensidade que jamais tivemos a oportunidade de alcançar.

Por onde começar? Devemos buscar primeiro o amor ou o dinheiro? Qual deles é mais importante para nossa felicidade? E o sexo, como participa dessa equação? Penso que uma boa resposta é a seguinte: o mais importante é aquilo que está faltando! Se não temos nada, tudo é igualmente importante. Se temos um bom parceiro amoroso e pouco dinheiro, esse será o ingrediente mais valorizado. Nosso psiquismo é curioso: se ocupa principalmente daquilo que não está indo bem; parece que foi forjado com o objetivo de resolver problemas. Se estivermos doentes, só nos interessaremos em recuperar a saúde e só nisso pensaremos. O mesmo vale para os apuros financeiros ou para a sensação de solidão. Ao recobrarmos a saúde – assim como a estabilidade material – ou ao reatarmos com nosso parceiro, imediatamente nos desinteressaremos desses assuntos.

Pessoas que têm uma vida sexual pobre e repetitiva anseiam, mais do que tudo, com um cotidiano erotizado e voluptuoso. Ao contrário do que acontece com o amor, parece que o dinheiro nunca é suficiente; por causa da competição material que vivemos, quase todos temos a sensação de que somos perdedores em relação a alguns conhecidos. Quem tem riqueza mas não tem amor acha que o dinheiro não serve para grande coisa sem que se tenha um bom parceiro. Agora, se o dinheiro faltar, ele volta imediatamente a ser tremendamente importante.

O fato é que nossos anseios não são permutáveis, ou seja, a falta de amor ou sexo não se resolve com “doses” altas de dinheiro ou prestígio, e vice versa. É como no organismo, onde a deficiência de vitamina B não se atenua com doses altas de vitamina C. Necessitamos de um pouco de cada ingrediente. Um alerta final: ao sonharmos com o que nos falta imaginamos alegrias que, se acontecerem, durarão muito pouco tempo. Nossa felicidade só é plena durante um período, o da transição para a situação melhor. Depois nos habituamos e tudo é vivenciado como trivial. A boa notícia é que o mesmo vale para os acontecimentos negativos, quando a dor da perda também só é máxima durante a transição.

Flávio Gikovate
 Meus amigos(as) desejo a todos uma ótima Tarde.
Muita Paz para todos.
Força Sempre
Claudio Pacheco

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Individualismo não é egoísmo

Individualismo é uma palavra que provoca polêmicas e mal-entendidos.
Penso que, quando isso acontece, é porque o termo está sendo usado com múltiplos significados, o que desencadeará emoções diferentes de acordo com o modo como cada um a entenda.
Individualismo é palavra que determina juízo negativo quando é usada como sinônimo de egoísmo. O mesmo acontece quando ela é usada para descrever uma pessoa incompetente para relacionamentos afetivos e para uma adequada integração em grupos de convívio.
Vale a pena uma reflexão mais rigorosa a respeito do tema, especialmente porque temos vivido uma fase da nossa história na qual cresce a tendência na direção do individualismo.
O individualismo tem crescido basicamente em função dos avanços tecnológicos que nos levam a passar cada vez mais tempo em atividades solitárias, tais como o uso do computador, de 'mp3 player', de jogos eletrônicos etc.; isso desde os primeiros anos de vida.
É fato também que a disponibilidade da maioria das mães diminuiu porque elas hoje também trabalham fora de casa. Além disso, é cada vez mais difícil para as crianças conviverem com outras da mesma idade de forma espontânea, já que as ruas não são mais o 'playground' que eram.
Podemos definir o individualismo como a capacidade de exercer a própria individualidade. É curioso porque a palavra individualidade tem conotação positiva, como a conquista de um estado de autonomia.
Nascemos totalmente sem identidade e em estado de fusão com nossas mães. Levamos mais de 20 anos para completar o processo de desenvolvimento interior que definirá nossa individualidade.
Ela é, talvez, uma das nossas maiores conquistas: conseguimos finalmente nos reconhecer como um ser autônomo, com pensamento próprio e pontos de vista construídos a partir de nossas próprias vivências - é claro que influenciado por tudo o que nos cerca.
A individualidade nos faz consciente de nossa condição de solitários, de que todos os contatos que estabelecemos com “os outros” é um tanto precário, que nem sempre somos tão bem entendidos como gostaríamos, isso porque o modo de pensar de cada cérebro é único e a comunicação nem sempre se estabelece.


Por anos lutamos contra a sensação de solidão determinada pela constituição da nossa individualidade. Creio que nós, como espécie, ainda lutamos contra essa condição e só estamos nos aproximando dela em virtude dos avanços tecnológicos que estão nos “forçando” a dar continuidade ao processo de emancipação que sempre tendemos a interromper.
Os processos contrários à individualidade fazem parte do fenômeno amoroso, da tendência que temos de nos aconchegar inicialmente em nossas mães e depois em seus substitutos adultos - relacionamentos amorosos, patriotismo etc.
Ao nos colocarmos como defensores do amor e das tendências gregárias que dele resultam, nos posicionamos, nem sempre de modo consciente, contra o desenvolvimento da nossa individualidade. Passamos a considerá-la como nociva ao bem comum, como algo que nos impediria de pensar também no próximo.
Para preservar o termo “individualidade”, altera-se o foco das críticas para outra palavra com significado semelhante. Aqueles que são favoráveis às causas coletivas se colocam contra o individualismo - que significa apenas o exercício da individualidade, algo que eles mesmos consideram positivo.
Compreendo a aflição das pessoas diante de um ponto de vista novo e aparentemente contraditório com o que se habituaram; ou seja, de que o individualismo implica em egoísmo e descaso pelo outro.
Do meu ponto de vista, porém, não vejo nenhuma contradição entre o exercício pleno da nossa individualidade e o desenvolvimento do sentido moral e de solidariedade social. Ao contrário, tenho observado que o incompleto desenvolvimento emocional das pessoas - o que, na prática, implica no não atingimento do estágio individualista - acaba por provocar condutas moralmente duvidosas.
Assim sendo, não só não creio que o individualismo não é sinônimo e nem implica em egoísmo como é forte a convicção que tenho na direção oposta: o egoísmo deriva da imaturidade emocional que se caracteriza pelo incompleto desenvolvimento da individualidade.
O egoísta não pode ser individualista porque ele tem que ser favorável à vida em grupo já que não tem competência para gerar tudo aquilo que necessita. É do grupo - ou de algumas pessoas pertencentes ao grupo - que irá extrair benefícios.

O egoísta é aquele que precisa receber mais do que é capaz de dar. É um fraco e não um esperto. Ou melhor, é esperto porque é fraco e precisa usar a inteligência para ludibriar outras pessoas e delas obter o que necessita e não é capaz de gerar. O egoísta tem que ser simpático e extrovertido. Não é assim porque gosta das pessoas e de estar com elas. É assim porque precisa delas e tem que seduzi-las com o intuito de extrair delas aquilo que necessita.
Uma outra forma de imaturidade emocional, menos dramática que o egoísmo, é a generosidade.
O generoso precisa se sentir amado e benquisto. Para atingir esse objetivo faz qualquer tipo de concessão. O egoísta percebe isso - é esperto e atento a todas as oportunidades de se beneficiar - e trata de obter os favores práticos que o generoso está disposto a prestar com o intuito de se sentir aconchegado.

Compõe-se uma aliança sólida e nociva entre esses dois tipos de pessoas imaturas e dependentes: o egoísta depende para aspectos práticos da sobrevivência e o generoso depende para aspectos emocionais de aconchego e de não se sentir sozinho.
Esse tipo de aliança define um tipo comum de elo amoroso que E. Fromm chamava de sadomasoquista: o sádico é o egoísta e o masoquista o generoso. Existe uma interdependência na qual o mais poderoso - porque o menos imaturo - é o generoso ou o masoquista. Sim, porque até mesmo no sadomasoquismo sexual quem dá as cartas é o masoquista!
Há 40 anos venho tentando desvendar e desfazer essa trama, a meu ver muito duvidosa, que se estabelece entre os “bons” - generosos - e os “maus” - egoístas. Há mais de quatro décadas luto contra essa dualidade que não tem nos levado a parte alguma e que se transmite, através do exemplo, de geração em geração.
Há décadas tento ver o que existe para além do bem e do mal. Tenho buscado com tenacidade e persistência um modo de ser que seja verdadeiramente moral e não esse padrão que dá virtude à generosidade e que implica obrigatoriamente na existência de igual número de egoístas. A generosidade não é virtude porque ela se exerce perpetuando o modo de ser egoísta daquele que é seu beneficiário.
Considero importante distinguir generosidade de altruísmo: esse último corresponde a ajuda anônima a terceiros desconhecidos ou pouco conhecidos, de modo que não implica no reforço do egoísmo, já que não existe trocas íntimas.
Egoísmo e generosidade interagem e se reforçam de modo negativo nas relações íntimas entre casais, entre pais e filhos, entre sócios e na sociedade como um todo.
Há décadas venho afirmando que o egoísmo só irá desaparecer quando desaparecer a generosidade. Ou seja, o parasita só desaparecerá quando não houver mais hospedeiro a ser parasitado. Assim sendo, todo aquele que defender a generosidade como virtude estará indiretamente defendendo a existência de egoístas!

A superação da dualidade egoísmo-generosidade corresponde ao modo de ser que chamo de justo: aquele no qual não se recebe mais do que se dá, mas também não se dá mais do que recebe.
O justo terá que ser um indivíduo independente, tanto do ponto de vista prático como emocional. Não poderá necessitar de ninguém para as questões práticas da sobrevivência, como é o caso do egoísta. Não poderá necessitar de ninguém do ponto de vista do aconchego emocional, como é o caso do generoso. Isso não significa que não deseje estabelecer elos nos quais hajam trocas de todos os tipos. Trocas justas.
Não se deve desprezar também a diferença entre necessidade e desejo. No caso do desejo, o que está em jogo é o prazer e não a necessidade, de modo que tendemos a ser muito mais cuidadosos na “contabilidade” que envolve as trocas com os que nos cercam.

Pessoas maduras emocionalmente gostam de se relacionar social e afetivamente. Por não precisarem vitalmente das outras pessoas não são obrigadas a estar com elas o tempo todo, como costuma acontecer com os egoístas, mais imaturos e dependentes.
Pessoas mais maduras gostam também de ficar consigo mesmas, com seus pensamentos, seus sonhos, suas músicas, seus livros, etc. Pessoas mais maduras são aquelas que desenvolveram mais firmemente sua individualidade e chegaram a um modo de ser que lhes agrada; assim, conviver consigo mesmas também é um bom programa!

Pessoas mais maduras são, pois, individualistas, aquelas que exercitam com prazer suas individualidades.
Costumam preferir um convívio social mais restrito, de modo que são mais exigentes na escolha dos seus amigos e conhecidos. Outras não se sentem muito gratificadas com as interações humanas e pode muito bem ser que prefiram uma vida mais solitária. Especialmente aquelas que já se conciliaram com essa peculiaridade da nossa condição.
Sim, porque é provável que uma das razões pelas quais temos demorado tanto para atingir esse estágio que pode ser chamado de nascimento emocional deriva da nossa dificuldade de aceitar a condição de seres únicos e sozinhos.
Nascemos fisicamente no momento do parto e só depois de vários meses conseguimos nos reconhecer como separados de nossas mães, o que corresponde ao nascimento psicológico.
Parece que precisamos mais de 20 anos para que aconteça o nascimento emocional, isso para aqueles poucos que conseguem chegar até aí!
Reafirmo minha convicção que o individualismo corresponde ao atingimento da maturidade emocional, condição indispensável para o estabelecimento de relações afetivas de qualidade e também o surgimento de um efetivo avanço moral entre nós.
Essa é a boa notícia que deriva das dramáticas e nem sempre adequadas mudanças que temos acompanhado nos últimos 50 anos. Espero que tenhamos tempo para vê-la florescer, o que só acontecerá se o mundo não acabar justamente em mais uma guerra entre o “bem” e o “mal”!

Flávio Gikovate
 Meus amigos(as) a todos uma otima Tarde de muita Paz
Força Sempre
Abraços
Claudio Pacheco